Pesque e solte – Procedimentos e as chances de sobrevivência

06/04/2015 10:08
Vários estudos realizados comprovam que sim, o pesque e solte é uma maneira de conservar a existência e aumenta as chances de sobrevivência. Entre eles, um feito no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Ibama/CPTA, que apontou uma a sobrevivência dos peixes soltos de mais de 90%, mostrando que, em no máximo 15 dias, os peixes estão completamente curados dos ferimentos causados por anzóis e iscas artificiais. O estudo enfatiza que para garantir que o peixe capturado sobreviva depois de solto, é preciso que os pescadores utilizem os equipamentos adequados e tenham cuidados com os exemplares.
 
Pesque e solte - Pescador soltando um dourado após a captura
 
Os principais fatores são evitar “lutas” muito longas, para não cansar demasiadamente os peixes; de preferência, deixar o peixe descansar por um período antes de ser retirado da água; retirar rapidamente o anzol e, de preferência, com o peixe ainda na água; não segurar os peixes com as mãos secas ou com utilização de panos (mesmo umidecidos) ou materiais que possam retirar o muco de seu corpo e só liberar os peixes depois que eles mostrarem sinais de recuperação.
 
Pesque e solte - Gedeão liberando um tucunare açú
 
O estudo destaca que, apesar das ocorrências em uma pescaria serem as mais imprevisíveis, quando o peixe é manuseado de forma mais delicada a fim de provocar um mínimo de agressão, a sua recuperação é mais rápida e, após a liberação, ele terá melhores condições para se defender contra os agressores com quem convive no mesmo ambiente. Os pesquisadores complementam, ainda, que mesmo em locais onde há abundância de piranhas, os peixes, quando liberados completamente recuperados, têm altas taxas de sobrevivência. Daí conclui-se que os pesque e solte é uma prática saudável e que representa um futuro melhor para os nossos peixes e pescarias.
 
Um fator preocupante é a maneira a qual os peixes são manuseados em pesqueiros particulares, onde se pratica o “pesque e solte”. Nesses locais, a falta de cuidados dos proprietários quanto a preservação e visando principalmente o retorno financeiro que o negócio traz, não há um controle quanto as práticas de pesca o que submete os peixes a serem pescados várias vezes em curtos espaços de tempo, isso pode causar danos irreversíveis em algumas espécies, principalmente carpas e tilápias que possuem a boca mais gelatinosa, esses peixes estão mais suscetíveis aos incidentes na região da boca, onde ferimentos muito graves são causados principalmente pelo mal uso de alicates de contenção do tipo boga grip e por anzóis do tipo “chuveirinho”.
 
Pesque e solte - Pesqueiros nao inibem pesca excessiva
 
Outro fator que prejudica a saúde dos peixes nos pesqueiros, são as sessões de fotos que por vezes ultrapassam um período aceitável e debilita causando danos a oxigenação, em alguns casos, mesmo que aparentemente mostrem estar em condições, após um curto período acabam morrendo. O recomendável nesses locais é o uso de passaguas, de preferência “sem nós” (o nó pode ferir e raspar o muco no dorso do peixe e deixa-lo vulnerável) e não alicates de contenção e que as fotos sejam tiradas rapidamente e depois de deixar o peixe se oxigenar, isso com certeza vai melhorar a condição .
 

Dicas para a prática do pesque e solte:

 
  • Utilize equipamentos de pesca compatível com a espécie e o tamanho do peixe que se pretenda capturar.
  • Deixe todo o equipamento necessária para o pesque e solte ao seu alcance, isso agiliza e diminui o stress do peixe após a captura.
  • Utilize anzóis sem farpa ou amasse a farpa com um alicate; dessa forma, a sua pescaria será muito mais vibrante e você evitará ferimentos maiores nos peixes. Anzóis sem farpas tornam a fisgada mais eficiente e basta manter a linha sempre esticada para trazer o peixe.
  • Molhe as mãos quando for segurar o peixe. Mãos secas, panos (mesmo que umidecidos), toalhas e papel retiram o muco protetor do peixe, que é primeira barreira contra doenças a que o mesmo possa estar exposto.
  • Alguns peixes, depois de uma longa batalha, podem flutuar com a barriga para cima. Nestes casos, segure-o por baixo da barriga e mantenha-o na posição horizontal dentro da água. Movimente o peixe para frente continuamente de modo que a água lhe passe frontalmente pelas guelras. Este é um método de respiração artificial e pode levar alguns minutos. Se você estiver num rio, coloque o peixe contra a correnteza. Quando o peixe recuperar os sentidos, começando a se mexer e puder nadar normalmente, solte-o de modo que ele consiga a recuperação completa e possa desafiar outro pescador futuramente.
  • Não toque nas brânquias (guelras) dos peixes, pois este órgão faz parte do sistema respiratório e, devido à sua fragilidade, pode ter os filamentos das lamelas que compõem os arcos branquiais rompidos, dificultando a sua sobrevida depois de solto.
  • Retire o anzol tão rapidamente quanto possível, de preferência ainda dentro d’água, usando alicates de bico ou um saca anzol. Os alicates de bico longo podem acelerar a retirada de um anzol fisgado profundamente, porém, lembre-se: caso o anzol tenha penetrado fundo no peixe, corte o empate e deixe o anzol dentro do peixe. Seja delicado e rápido. Os peixes pequenos, especialmente, podem morrer em decorrência do choque causado pela retirada de um anzol.
  • No caso de retirar o peixe da água, não deixe passar mais de um minuto entre a retirada e a devolução do mesmo ao seu habitat, evite abraça-lo isso também retira o muco e causa danos ao peixe.
  • Não jogue o peixe de volta à água. Segure-o suavemente na posição horizontal, pela nadadeira dorsal ou apoiando pelo ventre, sempre no sentido da boca voltada contra a correnteza, até que o peixe saia nadando normalmente. Evite segurar o peixe pelo rabo.
  • O peixe deve ser solto quando completamente recuperado. Caso esteja sem reflexo ou com o equilíbrio abalado, poderá tornar-se alvo fácil de predadores ou se deixar levar por correntezas, chocando-se contra pedras, galhos e outros obstáculos.
  • Vale lembrar ainda que não se deve jogar o peixe no chão, coloca-lo direto no cimento, pisar para segurar o peixe ou mesmo empurrá-lo para a água com os pés. Isto tudo deveria ser terminantemente proibido.
 
Quando for pescar, assim como o planejamento, tenha bom senso e instinto de preservação, afinal, conservar o que mais te da prazer, é o mínimo que o pescador deve fazer.